Arquiteto de Mogi lança livro ilustrado para crianças sobre a história da cidade
Pensando em levar conhecimento, vivências e cultura para o público infantil, o arquiteto e urbanista Paulo Pinhal criou a obra "História de Mogi das Cruzes, Ilustrada para Crianças".
Por AT Noticias 16/04/2025 às 12:48:34 - Atualizado há
Foto: O Diário de Mogi
Pensando em levar conhecimento, vivências e cultura para o público infantil, o arquiteto e urbanista Paulo Pinhal criou a obra "História de Mogi das Cruzes, Ilustrada para Crianças". Com uma abordagem acessível e envolvente, o livro tem como objetivo apresentar às novas gerações a trajetória da cidade, despertando o senso de pertencimento e a valorização da identidade local.
ASSISTA:
Durante entrevista ao O Diário, Pinhal explicou que a principal motivação para dedicar a obra às crianças foi justamente o potencial que elas têm de absorver e construir repertórios desde cedo.
"É mais proveitoso apresentar a história e novos conceitos a uma criança durante essa etapa de desenvolvimento, quando ela está mais aberta a aprender e a formar seus próprios entendimentos, do que a um adulto, que geralmente já possui uma visão de mundo (paradigma) estabelecida e pode ter mais resistência em aceitar ou compreender novas perspectivas", destacou.
Para dialogar com esse público de forma eficaz, o autor apostou em dois pilares fundamentais: a linguagem da narrativa e a criação de personagens com os quais os pequenos leitores possam se identificar. A apresentação foi especialmente pensada para crianças entre 10 e 13 anos, com vocabulário acessível, frases claras e um tom direcionado à faixa etária.
"Foram criados também personagens principais que também têm entre 10 e 13 anos. Essa escolha estratégica visa gerar uma forte identificação entre os leitores e os protagonistas da história. Ao verem personagens da sua idade vivenciando e descobrindo a história da cidade, as crianças tendem a se sentir mais conectadas e engajadas com a narrativa", explicou o arquiteto.
Mais do que contar uma história, o livro propõe uma reflexão profunda sobre pertencimento e construção coletiva. Pinhal aponta que a obra busca fortalecer o senso de identidade cultural dos moradores de Mogi das Cruzes, abordando um desafio contemporâneo da cidade.
"Mogi vivencia o fenômeno da conurbação, que frequentemente pode levar a uma diluição ou perda da identidade local, fazendo com que muitos, especialmente as crianças, não se sintam verdadeiramente pertencentes à cidade. Ou seja, ao trazer à tona as histórias e os legados desses diversos grupos, incluindo aqueles frequentemente esquecidos, como os povos originários e os negros, a obra visa fazer com que cada criança possa reconhecer que seus próprios ancestrais, de alguma forma, fizeram parte da construção de Mogi das Cruzes", evidencia.
Além disso, Paulo conta que a intenção é que essa compreensão gere um sentimento mais forte de conexão com o lugar e sua história, estimulando reflexões e discussões importantes — inclusive no ambiente escolar — sobre quem somos e como a cidade foi formada por todos.
Estratégias
Para valorizar essas narrativas, o livro utiliza estratégias como a conexão entre passado e presente, o destaque a aspectos culturais e religiosos e a valorização dos legados duradouros dos grupos que participaram da construção da cidade.
Segundo Paulo Pinhal, ao apresentar essas conexões e legados por meio de histórias envolventes e adequadas ao público infantil, o livro consegue ressaltar a importância fundamental e muitas vezes esquecida desses grupos na construção histórica e cultural da cidade.
Entre os principais aspectos abordados, Pinhal destaca dois pilares:
O resgate dos povos originários: a obra reconhece a presença e a influência dos indígenas na formação de Mogi das Cruzes, buscando valorizar seus legados culturais e históricos ainda perceptíveis nos dias atuais.
A importância da população negra: o livro também ressalta o papel essencial da população negra no desenvolvimento do município, trazendo à luz contribuições muitas vezes apagadas da narrativa oficial.
Esses dois eixos são tratados como "histórias esquecidas" que precisam ser resgatadas para uma compreensão mais ampla e justa da história local.
Lançamento e distribuição
Inicialmente, o livro será lançado em um evento gratuito no dia 26 de abril, das 15h às 17h, na Biblioteca Comunitária Arandu Jabuti, localizada na Avenida Laurindo Pereira, 498, em Jundiapeba. O projeto conta com apoio da Lei Aldir Blanc e da Secretaria da Cultura de Mogi das Cruzes.
Após o lançamento, os exemplares serão doados à Secretaria de Educação de Mogi das Cruzes, que ficará responsável pela distribuição nas escolas da rede.