Casos de antissemitismo crescem 350% entre 2022 e 2024 no Brasil; maioria ocorre em redes sociais

As denúncias de antissemitismo cresceram 350% entre 2022 e 2024 no Brasil, potencializadas a partir da guerra ainda em curso entre Israel e Hamas.

Foto de AT Noticias Por AT Noticias
15/04/2025 às 17:00:08 - Atualizado há

As denúncias de antissemitismo cresceram 350% entre 2022 e 2024 no Brasil, potencializadas a partir da guerra ainda em curso entre Israel e Hamas. É o que aponta o relatório de Antissemitismo no Brasil, feito pela Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), e divulgados nesta terça-feira, 15. Os dados contabilizam apenas as denúncias feitas nos canais da entidade, não levando em conta as denúncias feitas diretamente à polícia.

Segundo o relatório, no primeiro mês do conflito entre Israel e Hamas, em outubro de 2023, houve um aumento alarmante de mais de 1000% no número de registros em comparação ao mesmo período de 2022. De cerca de 1 denúncia por dia em 2022, passou para 4 denúncias por dia em 2023 e 5 em 2024.

Concentrando mais de 40% das denúncias recebidas estão os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

De todas as 1.788 denúncias do último ano, praticamente 3 em cada 4 (73%) são provenientes de ambientes digitais, como as redes sociais.

De 2022 para 2024, o aumento nas denúncias de antissemitismo no ambiente online foi de 549% (contra alta de 145% nas denúncias offline). O X (antigo Twitter) e o Instagram são as principais plataformas com denúncias do crime, que as entidades judaicas brasileiras defendem como um tipo de crime de racismo.

"O ambiente digital virou o grande palco de antissemitismo no Brasil e no mundo, saltando de 51% em 2022 para 73% de todas as denúncias recebidas em 2024″, afirma o documento.

Um monitoramento digital nas redes sociais feito pela Conib, que busca entender o antissemitismo no cenário online brasileiro e como o conflito entre Israel e o Hamas influencia esse fenômeno, mostrou que o único momento do ano passado em que o número de menções, em ambientes digitais, de caráter favorável aos judeus ultrapassaram significativamente as menções negativas foi em setembro, mesmo mês em que o X ficou fora do ar no Brasil, o que reforça os dados da pesquisa de que o antigo Twitter é a rede social que concentra maior quantidade de casos de antissemitismo.

O relatório também aponta que os picos de manifestações antissemitas nas redes sociais acompanham principalmente pronunciamentos públicos de políticos sobre a guerra entre Israel e Hamas ou acontecimentos do próprio conflito.

Radicalização de jovens

Segundo a Conib, existe um processo de radicalização principalmente de jovens por meio de grupos fora do Brasil.

"O Brasil tem sido um palco importante de radicalização por meio de grupos de fora do País, tanto radicais da extrema direita, ultranacionalistas brancos, e também de grupos como o ISIS (Estado Islâmico)", afirma Alexandre Judkiewiz, diretor executivo de segurança da Fisesp e do Departamento de Segurança Comunitária (DSC). Esses grupos costumam surgir nas redes sociais mas muitas vezes extrapolam para ações físicas no "mundo real".

A Pesquisa Global 100 (o estudo mais abrangente do mundo sobre atitudes antissemitas em nível global) da Liga Antidifamação (ADL, na sigla em inglês), organização global que luta contra o antissemitismo e outras formas de intolerância, mostrou que, no Brasil, 16% dos adultos apoiam boicotes a produtos israelenses. Na população jovem, entre 18 e 34 anos, a proporção é maior, de 24%, o que, na visão das entidades judaico-brasileiras, sugere a maior presença de um sentimento antissemita entre os mais novos.

A Fisesp e a Conib dizem deixar claro que representam a comunidade judaica brasileira, sem vínculo direto e oficial ao governo israelense, e afirmam diferenciaras críticas políticas (ao governo israelense) das críticas "existencial" do Estado de Israel. "Obviamente que existe um discurso anti governo de Israel, o que é tolerável, é democrático, mas quando generaliza e fazem menções ao fim do Estado de Israel, para nós isso é uma afronta", argumentam as entidades.

Fora das telas

O problema, entretanto, também está nos ambientes offline. A denúncia mais frequente é a de vandalismo (muitas vezes com pichações nazistas, por exemplo). Em seguida, estão agressões verbais com crescimento de mais de 1.600% em dois anos (de 2022 para 2024). Em menor grau estão as agressões físicas.

Homem com quipá em ato contra o antissemitismo em Berlim

As entidades afirmam ainda que as denúncias têm sido encaminhadas para o poder público, com o reconhecimento da necessidade de medidas urgentes.

"Nós temos tido uma resposta muito positiva, tanto o executivo, quanto o legislativo e o judiciário. As forças públicas - a Polícia Civil e a Polícia Federal - têm recebido nossas denúncias e dado o andamento que nós esperamos, reconhecido a urgência e a necessidade de atender esse tipo de crime, reconhecendo que o antissemitismo se enquadra na definição de racismo", diz Daniel Kignel, diretor jurídico da Fisesp.

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Fonte: Nacional
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