A eliminação do Corinthians, diante do Barcelona de Guayaquil, pela terceira fase da Libertadores, gerou revolta dos torcedores pelas decisões do árbitro Esteban Ostojich, do Uruguai, ao longo da partida – em especial pelos acréscimos, tanto no primeiro, quanto no segundo tempo do duelo Neo Química Arena.
O Corinthians venceu por 2 a 0, mas precisava de um triunfo por ao menos três gols de diferença, para levar a decisão da vaga à fase de grupos para a disputa por pênaltis. Na reta final da segunda etapa, depois do gol de André Carrillo, já aos 39 minutos, o time de Ramón Díaz não teve forças – e tempo – para mudar o placar.
"Fico chateado também pela forma como a arbitragem agiu. Vamos na Conmebol e vamos falar disso. Essa regra tem de mudar urgentemente, não pode um jogador cair na área, pedir a maca e na hora levantar, por exemplo. O juiz não faz nada, não toma atitude", disse Augusto Melo, após a partida.
Segundo dados da Opta, a partida contou com 118 paralisações, com 50min27s, pouco mais de 50%, de bola rolando. Mas o árbitro uruguaio acresceu apenas nove minutos, somando as duas etapas, ao tempo regulamentar. Somente com a análise do árbitro de vídeo (VAR), a partida ficou paralisada por três minutos. O goleiro José Contreras Verna foi um dos responsáveis pela cera ao longo do jogo, que 'queimou' o tempo de reação do time alvinegro.
O Corinthians reclamou, mas a atuação de Ostojich seguiu as orientações da Conmebol para a comissão de arbitragem na Libertadores de 2025. Desde a implementação do VAR, a Fifa orientou os juízes a acrescerem mais minutos ao final da partida, por paralisações da checagem de vídeo. Na Libertadores, no entanto, não houve esse aumento: a média de minutos extras em cada jogo é de 8min45s na edição deste ano.
Tanto que, na partida de ida, em Guayaquil, a partida teve apenas 46 minutos de bola rolando, com um acréscimo de oito minutos – inferiores aos números registrados no duelo desta quarta-feira, na Neo Química Arena, e à média da competição. Nos duelos da pré-Libertadores, o tempo de bola rolando registrado ficou próximo dos 52 minutos.
Em comparação, a Olimpíada de Paris, em 2024, teve um recorde negativo nos acréscimos das partidas. A seleção brasileira feminina, por exemplo, teve 25 minutos a mais nos duelos com Espanha e França, já no mata-mata da competição – que resultou na medalha de prata para a delegação.
"A regra não estabelece que haja um cronômetro paralisando o jogo como se fosse futebol de salão, nem na cabine do VAR", pontuou à época Manoel Serapião Filho, ex-árbitro Fifa e autor do projeto VAR, adotado pela Fifa na última década, ao Estadão. "A regra estabelece que as perdas de tempo anormais sejam acrescidos ao final de cada período, não os tempos naturais, de reposição de bola, de cobrança de tiro de meta, de arremessos laterais. A Olimpíada é o exemplo de como as coisas estão erradas."
A Fifa recomendou os árbitros a prevenirem o antijogo nas partidas, tanto da Olimpíada, como de outras competições sob a chancela da entidade. Como a própria cera, da qual o Corinthians se queixou no duelo com o Barcelona de Guayaquil. "O árbitro controla o tempo de jogo. É necessário manter o bom senso para isso. Mas há uma orientação da Fifa em relação a isso", afirmou, ao Estadão, Carlos Eugênio Simon, ex-árbitro Fifa, que apitou em três Copas do Mundo, e comentarista da ESPN sobre as recomendações da Fifa
Fonte: Esporte