"Toque de Midas às avessas" de Trump estraga as perspectivas da direita em eleições pelo mundo
Midas é um personagem da mitologia grega que é mais conhecido por transformar em ouro tudo o que tocava.
Por AT Noticias 12/03/2025 às 21:13:53 - Atualizado há
Midas é um personagem da mitologia grega que é mais conhecido por transformar em ouro tudo o que tocava. Não tão conhecido por ter sido punido com orelhas de burro por Apolo. Com o tempo, a expressão "toque de Midas" tornou-se sinônimo de alguém que prospera nos negócios, que faz dinheiro. No que concerne aos apoios eleitorais em outros países, Donald Trump está se saindo uma espécie de "Midas inverso".
A eleição de Trump, suas primeiras medidas e, principalmente, a aparição de Elon Musk em um comício da AFD, foram alguns dos principais argumentos nessa campanha de mobilização. A AFD ainda teve um bom desempenho e prepara terreno para o próximo pleito, mas o apoio de Trump, Bannon e Musk saiu pela culatra, especialmente pelas imagens dos dois últimos fazendo "saudações" para lá de suspeitas.
O líder do Partido Liberal do Canadá, Mark Carney, fala depois da sua vitória nas eleições do partido em um evento em Ottawa, Ontario; liberais fortalecidos pelo discurso de Trump
Primeiro, Trudeau liderou diversas respostas e respondeu Trump, afirmando que tarifas serão respondidas com tarifas. Segundo, a direita canadense, que buscou evocar o "Trumpismo" em alguns momentos, foi prejudicada pela associação. Quando Trudeau anunciou sua renúncia, o Instituto Ipsos estimava que os liberais tinham cerca de 20% da intenção de voto, enquanto os conservadores tinham cerca de 46%, com uma surra desenhada no horizonte.
Atualmente, o mesmo instituto, com a mesma metodologia, coloca os dois em empate técnico, com 38% para os liberais e 36% para os conservadores. Também aumentou o voto útil nos liberais, de pessoas que antes respondiam que votariam no Novo Partido Democrático. Mesmo figuras da direita canadense, entretanto, hoje querem fugir de qualquer associação a Donald Trump.
Doug Ford, premiê da província de Ontário, análogo ao governador estadual no Brasil, era muitas vezes comparado a Trump, e gostava da associação. Atualmente, é um dos maiores defensores de medidas rígidas contra a política comercial dos EUA. O fato é que as eleições canadenses deram um giro de 180 graus, um efeito Trump inimaginável no começo do ano. Ainda assim, não será Trudeau o candidato liberal.
Com ou sem Trump, a imagem de Trudeau já está muito desgastada. Os liberais elegeram Mark Carney como novo líder do partido. Logo, o primeiro-ministro interino e o candidato do partido na próxima eleição. Carney presidiu o Banco do Canadá, o banco central do país, entre 2008 e 2013, no contexto da crise. Depois, foi convidado a presidir o Banco da Inglaterra, o banco central do Reino Unido, o único não-britânico a fazê-lo.
A campanha contra os liberais vai girar em torno do preço da energia e do imposto contra emissão de gás carbônico, política que teve em Carney um fiel defensor. Até o pleito, teremos alguns meses, mas é inegável que o cenário eleitoral foi revolucionado em apenas em algumas semanas. Tudo isso é culpa de alguém que nem canadense é, mas tem gostado de falar que vai anexar o Canadá.